T udo o que sabemos sobre a floresta foi aprendido e repassado durante muitas gerações. Os xamãs e anciões aprenderam com seus antepassados e hoje eles nos ensinam. Esses conhecimentos, que aprendemos observando o mundo ao nosso redor durante tantos anos, é único, mas hoje percebemos que alguns deles estão se enfraquecendo e, por isso, pensamos em propostas para fortalecê-los.
Para fortalecer é preciso saber sobre o nosso processo de aprendizagem. Nós, Yanomami e Ye’kwana, aprendemos imitando os nossos pais. As meninas aprendem sobre as plantas medicinais e a fazer cestos e tangas com as suas mães. Os meninos aprendem a caçar indo com seus pais para a floresta. Nós aprendemos os cantos dos pássaros e aprendemos de quais flores as abelhas gostam observando os animais.
Muitas coisas os anciões sabem fazer, mas não estão fazendo mais, porque estamos substituindo essas práticas por tecnologias dos não indígenas. Poucas comunidades estão fazendo redes de algodão, porque preferimos comprar redes na cidade. O mesmo está acontecendo com as tangas e as panelas de barro. Quando compramos essas coisas na cidade, deixamos de fazê-las nas nossas comunidades e, por isso, os mais jovens não estão aprendendo mais a fazer.
Nós percebemos que precisamos fortalecer também os espaços onde nossos conhecimentos são transmitidos. Nós trocamos muitos conhecimentos em nossas comunidades: aprendemos pinturas corporais durante as festas; nas festas nós também nos visitamos e fazemos nossos diálogos cerimoniais. Sabemos que, para os conhecimentos yanomami e ye’kwana ficarem vivos por muitas gerações, precisamos colocá-los em prática; só assim nossos filhos vão saber fazer também. Os jovens só vão aprender se virem os anciões fazendo.
PARA FORTALECER NOSSOS CONHECIMENTOS:As propostas mais importantes para manter os nossos conhecimentos vivos são:
- Promover a formação de jovens pesquisadores e publicar suas pesquisas;
- Valorizar os anciões e anciãs que guardam os conhecimentos;
- Estimular os intercâmbios entre xamãs e também entre sábios e conhecedores ye’kwana, com a transmissão dos cantos acchudi e ädeemi aos jovens;
- Promover formações em novas tecnologias dos não indígenas, como telefone celular, câmeras e gravadores, para registrarmos nossos conhecimentos e circularmos eles ainda mais entre nós, especialmente os jovens.